Max Lucano, em seu livro “O fim da ansiedade”, publicou um dado alarmante: entre 1977 e 2004, o mercado norte-americano de medicamentos para ansiedade cresceu de 900 milhões de dólares/ano para 2,1 bilhões de dólares/ano. Um aumento semelhante se verificou em praticamente todos os países do mundo. Claro que a população aumentou nesse mesmo período, mas não há como negar: as pessoas estão progressivamente mais ansiosas.
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A ansiedade em níveis elevados, o que chamamos de “transtorno de ansiedade”, é um problema por si só, mas também aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral.
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O problema é multifatorial e não tem causa única. Mas um dos possíveis motivos pelos quais as nós temos estado cada vez mais ansiosos é o excesso de informações com que temos que lidar diuturnamente.
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Whatsapp, Instagram, YouTube, Televisão, Notificações dos mais diversos aplicativos...
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Estamos debaixo de um verdadeiro bombardeio de novas informações...
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Nossas mentes aparentemente não foram feitas para lidar com esse excesso de informações de forma sustentada por períodos tão longos.
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Deixamos de fazer uma série de atividades que geram “fluxo lento de informações”: leitura, passeios ao ar livre (sobretudo nesse difícil ano de 2020), tocar instrumentos musicais, atividades manuais etc.
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Compare o comportamento das crianças de hoje (smartphone e jogos online) com o comportamento de crianças de três décadas atrás (bola, jogos de tabuleiro, brincadeiras em grupo, pular corda etc). O resultado não pode ser o mesmo... Não tem como ser o mesmo.
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Se cuidarmos um pouco melhor do que nossos olhos veem e do que nossos ouvidos ouvem, já será um grande passo em direção à melhora da condição ansiosa.
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Que atividade de fluxo lento você planeja voltar a fazer em 2021?
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David Márcio - Neurologista Clínico
CRMMS: 11574
CRMMG: 50760
RQE: 34346
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